"Meia - noite. O café já estava frio há muito tempo... As luzes piscam, droga! Maldito buraco onde eu me meti... essa cidade, fria, suja, infestada da pior escória da sociedade, e agora, eu sou um deles... Achei que ser um detetive particular seria excitante como a gente vê nos filmes, como eu estava enganado. Nada de assassinatos misteriosos, ou roubos mirabolantes e exóticos. Humpf. Nada, a maioria dos casos que eu pego são maridos desconfiados que querem alguma coisa pra ajudá-los na hora do divórcio, a geladeira tá vazia, minha carteira também... Droga! Maldito buraco de cidade onde eu me meti! Olho pela janela.... Droga de lugar, infestado de prostitutas, drogados, ladrões, pobre lugar... infestado... Droga de vida acho que vou fechar o escritório, não consigo nem manter esse lugar, acho que vou virar vendedor... humpf... era só o que faltava ... Nicholas Macer, vendedor de aspiradores em pó, como posso ajudá-la madame? Não, é uma queda muito vertiginosa... acendo um cigarro... droga! É o último, será que ainda tem café? Argh! Frio! Droga! Bom se nada acontecer amanhã eu fecho essa porcaria! O telefone toca... ainda tem café? Eu atendo.
Que voz! Voz de mulher... o que ela quer? Eu me apresento, formalmente... Nicholas Macer, P.I. ... “Nick? Nick?” ... Eu conheço essa voz, conheço... meu Deus é ela... Cadê o café? Ah que se dane o café cadê meu scotch.... meu Deus é ela...Era ela! Meu Deus! Agora eu preciso mesmo de um trago... Sua voz parecia triste, não, não triste, mas ... preocupada. Porque você me ligou? - Eu perguntei, eu não queria admitir mas também fiquei preocupado. O nome dela é Julianne, July, como eu a chamava... Lembro dos bons tempos que passamos juntos, e da facada que ela me deu no coração. Tudo volta. Éramos jovens, eu mais jovem do que ela... Estávamos apaixonados, bom, eu estava. Morávamos juntos num pequeno flat no centro da cidade, meu salário de policial não dava para as despesas, mas July era abastada. Era filha do influente dono de uma cadeia de Hotéis e irmão de um deputado, menina mimada ela era. Odiava o pai. Talvez pensasse que fugindo com um policial mal pago e morando num pulgueiro ela o ensinaria uma lição. Mas depois viu que isso não era tão pratico e excitante quanto ela pensou que seria. Depois de dois anos juntos, ela me trocou como se eu fosse mais um de seus vestidos. Nunca me ligou, eu realmente a amava, depois soube que ela se casou com um dos filhos de um amigo de seu pai. O nome do sujeito é Thomas Chianti, o pai também é político. Um deputado, querendo se candidatar para presidente, peixe grande, conhece muita gente nos círculos mais importantes da sociedade e muitas pessoas devem favores a ele, dizem que até mesmo a Máfia. Eu mexi com um bicho perigoso quando namorei July, e o maldito do tio dela conseguiu me jogar para fora da corporação baseado numa falsa acusação de mal uso de força policial. Claro que, ser amigo da maioria dos juízes da cidade ajuda muito. Aceitei minha baixa desonrosa. Agora fico surpreso por July me ligar "O que foi?" eu pergunto secamente (ou tentando parecer que não me importo), "Preciso de você" ela diz, eu sirvo a mim mesmo de uma boa dose de whisky, apago o cigarro que eu estava segurando. "Ah é?, Agora você precisa de mim não é? Pois bem boneca, vá pedir ajuda pro riquinho do seu marido" bato o telefone. Toca de novo, merda! Essa mulher não desiste? "Olha, eu já não mandei você pedir ajuda pro seu maridinho? Me esquece !" Eu não posso... o Tom... ele..." Depois de alguns anos ouvindo e dando más noticias a gente se acostuma ao tom que as pessoas dão para cada situação. "Ainda assim, isso não é problema meu. Chame a policia.", "Não posso, não... nada de policia... preciso de alguém que seja discreto e de confiança... e você é o único que eu conheço ... e que eu confio". "Peça ajuda então para o pai dele!”. “ Ele também ..." Droga! Um cara da importância do Deputado Chianti morto? E nada de policia? Não se envolva com isso Nick, desliga o telefone, merda! "Eu posso pedir para o papai limpar o seu nome..." Merda! Desliga o telefone Nick! Não, eu preciso ajudá-la... "Venha até meu escritório" Com essa lacônica frase desliguei o telefone... Achei que já tinha me desligado, mas quando a gente gosta tanto de alguém, sempre dá a outra face. Droga Nick! Você é patético..."
Aguardando o restante da obra!
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