Vou contar algo engraçado e meio humilhante que me ocorreu. Esse final de semana fui fazer a prova do TRT, pra ver se saio dessa maldita merda em que me encontro. Bem. A prova foi no domingo e eu estava hospedado em Guarapari (Perto das praias da Bacutia, Peracanga e Guaibura, não sei se isso ajuda alguém aqui a se orientar.) na morada de um tio meu. Como não havia absolutamente nada pra fazer e eu não tinha como ir beber na praia porque é tudo muito caro e eu não posso beber, por enquanto, fui andar.
O local onde fica o apartamento do meu tio, e as praias suso-referidas, localiza-se cerca de 5 quilômetros da outra parte de Guarapari, onde tem alguma porcaria para se fazer. Ligando essas duas localidas há uma estrada infinitamente comprida, com um ciclovia, situada embaixo de um sol escaldante. Burro como sou, tive a idéia infeliz de andar do ponto A (determinado no santuário da residência do marido da irmã de meu pai) ao ponto B (este, por sua vez, é a já citada outra parte de Guarapari). Lembrando sempre, 5 quilômetros. Bom, estava com dois reais no bolso, para emergências, e fui, feliz a fagueiro, a andar sob o sol de 11 horas até o final da estrada. Sabe aquelas ondinhas de calor que saem do asfalto quando tá muito quente? Bom, haviam tsunamis fervorosos tostando o piche e a minha pele, enquanto eu andava e ouvia uma musiquinha, uma Elis Regina ou um Chico Buarque nos meus fones de ouvido, cantarolando uma melodia ou uma bossa. Quando me dei conta, estava muito cansado e tinha andado 1/3 do caminho. Respirei fundo e segui meu martírio até o final, com a tenacidade de um idiota. A visão pacífica do horizonte marinho, na orla capixaba, me revigorava, mas eu acabei achando aquilo tudo um porre. Continuei na minha empreitada até que avistei o final da estrada e um armazém onde podia comprar um pouco de água e refrescar o radiador. Comprei duas garrafinhas de água Ingá, quando percebi que tinha gastado o dinheiro da passagem e teria que voltar a pé.
Ao me deparar com a iminente jornada de volta, respirei fundo, tomei um gole d'água, rezei a Farlanng que me protegesse na estrada e comecei o regresso. Ouvia abutres gritando e rodopiando no céu acima de minha cabeça, sentia o gosto do sal marinho na boca e estava ficando com fome. Começei a esmorecer, quando ouvi os primeiros acordes da "Cavalgada das Valquírias", de Wagner (Obrigado OST de Watchmen!), ribombando em minhas orelhas. Os metais, os cellos, os violinos e tambores me deram força renovada para chegar ao final da jornada e, assim como Bilbo Bolseiro, fui Lá e De Volta Outra Vez!
Detalhe curioso é que não passei protetor solar e estava usando uma camisa regata e sandálias havaianas, as legítimas! Resultado, uma bolha ao lado do dedão que me doeu muito quando molhada na água salgada do mar, e um bronzeado estilo caminhoneiro, delineado pela marca da camisa, além da contumaz sensibilidade epitelial que estou sentindo neste momento.
Finalizando, aqui está uma dica que eu não segui, mas pode evitar que minha história se repita a algum de vocês: Sempre levem uma toalha.
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Toalha, bronzeador, chapéu e um pouco mais de dinheiro...
ResponderExcluirSua primeira longa caminhada não foi boa hein anão?!
Dica daqueles que andam mto: "Qd sair em longas jornadas. Esteja preparado pra tudo..."
^.~
Mas agora que o mal tá feito... Passe pasta dágua na pele de camarão...
Claro que vc vai ficar com uma cor rosinha linda, mas é a consequencia...